Toma um fósforo acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro. A mão que te afaga, é a mesma que te apedreja. Se alguém causa ainda pena a tua chaga apedreja essa mão vil que te afaga, escarra na boca que te beija! RE-Incidente em Antares

terça-feira, dezembro 02, 2008



Black White train.

domingo, novembro 30, 2008



Simple People



Old Station II



Old station



Im back!

segunda-feira, junho 30, 2008


Futuramente para se fazer um download gratuito no rapidshare será assim...

sexta-feira, fevereiro 01, 2008


Jhonny like's Tarantino



A pior produção do cinema brasileiro desde a fraude de "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias", "Meu Nome Não É Johnny" atingiu nesta semana 1 milhão de espectadores no Brasil. Se o filme de Cao Hamburger procurava copiar as fórmulas de sucesso de filmes latino-americanos como “Kamchatka” , o de Mauro Lima descaradamente reúne ingredientes manjados da produção recente brasileira. Estão ali a malandragem carcerária de “Carandiru”, os horrores de uma prisão psiquiátrica de “Bicho de Sete Cabeças”, um banditismo nostálgico de “Cidade de Deus”, o encanto da violência e o “charme” do submundo urbano .
A prática não se limita ao cinema nacional; "Johnny" absorve até elementos típicos de Quentin Tarantino. A certa altura, há um diálogo, conversa fiada, entre dois personagens que confundem Tarcísio Meira e Francisco Cuoco. Seria gracioso se não fosse uma verdadeira cópia de um recurso usado por Tarantino sacar fantasmas do esquecimento e transformá-los em referência cult. A menção poderia ser um gesto carinhoso de reverência ao mestre norte-americano. Porém, num contexto de tantos pequenos plágios, a cena acaba virando só mais um deles.
“Meu Nome Não É Johnny” segue uma toada previsível. João Estrella é um garoto de classe média que era arruaceiro na infância e torna-se um adolescente revoltado após a separação dos pais. Num inocente encontro com amigos na praia, dá sua primeira “bola”. E, do inocente baseado, logo se transforma em viciado em cocaína. Sem o apoio dos pais a mãe, distante, e o pai, adoecido, com um apelativo câncer de pulmão , João “se perde” nas drogas”. Dizer que essa trama é um exemplo de moralismo raso seria um chavão. Dá até preguiça. A história se passa nos anos 80. E, para criar o clima dessa década, os recursos são os piores possíveis.
Como se não bastasse João possuir um Passat e um punhado de gírias oitentistas surgirem a cada diálogo, tenta-se também criar, de um modo romântico e nostálgico, o contexto que produziu artistas como Cazuza. Adivinhe só, basta juntar rock, álcool, sexo (drogas) e desesperança política, que o resultado imediato será a produção de sonhos e tragédias heróicas. Só que tudo é tão mal-feito o casting principalmente, que essa idéia fracassa. O resultado é artificial não só porque os atores principais não conseguem entrar naturalmente no clima da época mas também porque os figurantes são ainda piores do que eles. Os convidados das festinhas de João Estrella, por exemplo, sempre aparecem rindo para a câmera. Até mesmo quando são expulsos depois do chilique da personagem de Cleo Pires (uma atração à parte de humor involuntário), ou, pior, quando o pai de João tem um ataque cardíaco fatal. Tudo embalado por clássicos da rebeldia classe média de então, com Titãs (“Polícia”, é claro) e outras faixas óbvias. ( Ops, me surpreendi com Paco de Lucia nas locações de Veneza )
E temos Cássia Kiss como juíza "duraaaaaassa" cuja falta de envolvimento com o personagem só perde para Julia Lemmertz, incapaz de soltar uma lágrima convincente em cenas como a do julgamento que condena o filho. A juíza, no final, vê salvação no caso de João Estrella. Obviamente só porque ele é branco, sincero,( e classe média ) tem um olhar de Selton Mello triste , que não parece de modo nenhum um bandido de verdade. Dizer que aqui está um outro clichê seja da ficção, seja da vida real mesmo seria também fazer uma crítica repetitiva.
Por fim, onde está o excelente ator que protagonizou “Lavoura Arcaica”, a adaptação para o cinema do livro de Raduan Nassar? Apesar de, em “Meu Nome Não É Johnny”, Selton Mello ser exposto por todos os ângulos e com todas as expressões possíveis, não se vê ali nem um vestígio do talento que o ator demonstrou ao encarnar o atormentado André, do filme de Luiz Fernando Carvalho. É difícil adivinhar a que mais se presta o longa a não ser para abrir espaço para uma arrastada egotrip de Selton Mello.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Texto Morcego

Um texto morcego se guia por ecos.
Um texto texto cego.
Um eco anti anti anti antigo.
Um grito na parede rede rede.
Volta verde verde verde.
Com mim com com consigo.
Ouvir é ver se se se se se

quarta-feira, novembro 28, 2007

The Good, The Bad e Eu.

O sol inicia sua jornada 40 graus. Escondo-me nas asas dos anjos (ou serão demônios)? Assim, tenho mais chances de ver gente e não fardas. Em preto, branco e infinitos moicanos, contraste. Ok. Nada mal para uma primeira análise. A cada kilômetro que nosso ônibus avança, avança nossa sagaz preparação. A esta altura, o ácido começa a fazer efeito. Imagens desconexas assombram minha realidade a oitenta por hora rumo ao maior show punk, senão o único, em anos nesta região.

Aguardente. Quesito de locomoção. Esta foi além. Por quê? È simples. Luis, Neca e os outros na pressa pelo combustível, esqueceram de lavar o garrafão que antes armazenava gasolina. Meu corpo agora tem vida própria, e me ordena. Abrir uma janela pensei, nem pensar. A densa névoa do cânhamo, que entorpecia nossas mentes, era mais densa que o ar. Que supostamente nos mantinha vivos. Mas verdade seja dita, naqueles quentes dias lisérgicos. O ambiente era preenchido pelos Ramones. Luis grita lá do fundo: “ Hey ho Let’s Go, Gabba gabba wizaa, one, two three, four. Luciano, que a essa altura já havia se transformado no mister hyde cantarola bêbado rouco e louco sua canção predileta: “Have a nice day. That's all I hear every day” . Que acabou se tranformando entre brindes, gritos e o máximo que oitenta kilômetros de ônibus fretado rumo a um show de rock pode proporcionar. O motorista, obviamente instruído, trancou-se na cabina e vez por outra, filava um gole, afinal, queria entrar no estilo. Camisa da turnê na mão, porque tinha de manter-se composto enquanto dirigia. Afinal alguém tinha de fingir-se sóbrio, caso viéssemos a defrontar com os fardados. O caminho alimentado pela expectativa é longo, mas não infinito. Chegamos. Hora de encher a mente. Uma rápida checagem. Sim eu ainda estou vivo. Vejo não distante o portão da Gameleira, onde passarei as próximas cinco horas deste infernal, (se me permitem o perdão da expressão) domingo. Em minha mente ecoa “Have a nice day. That's all I hear every day Have a nice day. I don't believe a word you say”. Mulheres, bebida, juventude, transgressão. Perigo iminente, o que mais posso querer? Ah? A fila. Incrível como meus amigos conseguiram esgueira-se com tamanha facilidade através da muralha de corpos à nossa frente, incluindo claro, as fardas. Agora percebo, o calor tenta consumir-me, como se o próprio Lúcifer estivesse presente. O que explicaria a alcunha destes eventos para meus pais. ‘Inferninho “. Mas neste momento me vem outra música a conturbada mente, creio que o ácido juntamente com o resto começa a fazer efeito. Ah, sim, a música”.I Believe in Miracles”

Minhas perspectivas não são nada boas. Na fila, com o sol a pino, feirantes, ambulantes e afins, atacam de todos os pontos cardeais. Luis e seus asseclas bebem vodka barata mais atrás na fila. As minhas custas, claro. Passava das três horas, e a maconha consumida no ônibus made in Itaúna começava a turvar minhas sinapses como uma fórmula clássica da época. Bem. Se juventude realmente cheira a espírito juvenil e Kurt Cobain tinha razão meu pecado seria perdoado. No momento que passo as roletas me percebo num mundo melhor: uma muralha de pessoas literalmente vitaminadas trajando fantasias negras e calças apertadas querem que me torne um deles. Pense neles como uma espécie à parte. Envio uma mensagem a minhas pernas, e minutos lisérgicos depois estou correndo para o moch. Nenhuma farda tenta me impedir. Sabem que não são páreos para minha euforia; derrotá-los-ei. Nem que custe minha vida.

Lembro-me do segundo propósito desta expedição. Encontrar o que resta do melhor punk rock desta década. Abrem minha mochila, mas não encontram nada. Tudo que realmente importava já estava na cabeça. Aliás, vocês sabem, câmeras e bebidas alcoólicas são proibidas dentro da Gameleira. E não podemos esquecer o combustível, bebidas baratas estrategicamente acomodadas nas bolsas das garotas. Amigas. Enfim, nossas mulheres.
Bebida barata para ambiente requintado se é que vocês me entendem. As pessoas correm pateticamente ao ouvirem o menor ruído das gigantescas caixas do palco. Eu, por acaso, estou próximo a elas. De repente vejo minhas mãos e elas estão fora de foco. Tento com meu allstar. Apenas para descobrir que eles derreteram. Agora sim, estou fudido.

Coloco o boné e tento ver alguma luza frente, mas o contexto me impele a sacar o bom e velho ray-ban. De súbito ouço ou talvez sejam ainda minhas sinapses confusas me comunicarem: - Hey Ho Let’s Go. Hey Ho Let’s Go. Sim. Joey Ramone em toda sua magnificência ao lado da boa e velha trupe. Durante a espera já mencionada quase me esqueci de citar a presença de bandas emergentes como o Viper , na época com os vocais de André Mattos. O Sepultura em seu momento Kaiovas com o bom e velho Max Cavalera. E não menos importante para nosso contexto o Overdose com seus anjos do apocalipse.

Mas voltando ao Ramones, entre Durango e Poison Heart existe mais rock n’ roll, que nossa vã ignorância. O ar deixou de ser teen spirit, para tornar-se adrenalina. Entre cabelos íngremes coloridos e tratados a sabão rio, pseudos skins, figurantes e entusiastas, consumou-se o primeiro e único show da maior banda punk da história. Ramones.

Nota. Qualquer semelhança entre nomes, pessoas e circunstâncias é mera coincidência.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Assim é, se lhe parece. Tudo é publicidade.

Henry Miller dizia que a publicidade é uma profissão formada de advogados fracassados, escritores frustrados, alcoólatras e artistas decadentes. Essas mesmas expressões já as ouvi de pessoas notáveis, inclusive de alguns dos melhores publicitários da Inglaterra e Estados Unidos e de um sem número de amigos acadêmicos. Esta má impressão não corresponde á realidade. Acontece que a profissão, por ser eminentemente criativa, acolhe gente de toda espécie e origem, sem nenhum preconceito, sempre a procura desse material tão raro no mundo, que é o talento. Bem, mas este texto não procura explicar a razão e lógica do universo publicitário, mas sim, o mercado de trabalho no qual se encontra inserido, seus flertes com a psicologia e sua importância. Uma vez entendidos estes pormenores, passemos ao proposto.
Com o advento da globalização, o profissional de comunicação antes atuante em áreas específicas, e veículos idem, tende a diversificar, ou melhor, dizendo pluralizar a demanda do atual mercado. Tudo é publicidade. Logo todo momento é uma oportunidade latente passível a ser explorada por mentes mais perspicazes. Ampliar a sua rede pessoal de contatos tornou-se ordem do dia. “Assessoria de, assessor do, cobertura de, um opinativo aqui outro acolá, solta uma matéria tendenciosa aqui, que tal uma peça que enalteça não só meu produto, mas que ressalte meu nome”. E se o contratante for um político então...
Você acorda pela manhã abrindo um Sorriso suave e refrescante. Mostra com orgulho ao espelho seus dentes brancos e hálito puro. Seu corpo saudável (ou não) é regido pelos imperativos estéticos da tevê, as sopas light que aquela atriz, eu disse atriz? Na verdade apresentadora, ou melhor, dizendo mãe do filho de um cantor mundialmente famoso. Na hora do almoço, a bebida tornou-se o prato principal, claro, você conheceu o lado... da vida! Admita. Você decidiu viver sem fronteiras já faz tempo, principalmente no que se refere ao telefone celular. Todo o eufemismo apresentado neste parágrafo foi proposital, visando mostrar como nós, isso mesmo, eu você e todos os demais, que tudo é publicidade.
Tudo é publicidade. Já disse isso? Bem, vale reforçar. Então é correto afirmar que se tudo é publicidade, conseqüentemente o mercado de trabalho do publicitário é o mundo capitalista. Um publicitário moderno deve saber o que tudo envolve a profissão, ser um negociante esperto, enxergar novas idéias na mídia, ter sensibilidade para analisar o perfil, o intelecto, a necessidade de seus clientes e do mercado.
Escrever bem, tanto nos textos e títulos como é o caso dos produtos de necessidade básica. Informação em quantidade, de todo tipo e toda espécie. Acadêmica, técnica e até amenidades. Uma bagagem cultural sólida, história da arte clássica e moderna, literatura, filosofia, teatro, cinema, cultura e, sobretudo, conhecer os principais movimentos culturais que fazem o século XXl. Conhecer pessoas e personagens, em suma, a psique. A fundo, sempre será o grande capital para um publicitário que tem de agir como uma sanguessuga absorvendo dessas pessoas (clientes, consumidores...) todos os conhecimentos possíveis para assim enriquecer os seus – nesse sentido vale tudo, desde experiência de um feirante, um industrial, uma prostituta, um padre ou um chofer de caminhão. È preciso saber como pensa o costureiro, o arquiteto, a dona de casa, a faxineira ou a enfermeira. Ser rápido e agitado, e poder oferecer seu patrimônio intelectual a serviço dos clientes, preocupados com seus problemas específicos. E é essa vertente do publicitário que a psicologia auxilia, oferecendo subsídios, apoio e sustentação.
E assim que o bom profissional sempre sabe mostrar as coisas de um lado novo, inédito, surpreendente, e é isto que fascina o anunciante.



quarta-feira, outubro 31, 2007



Abstraindo a vaidade .



''vaidade, tudo é vaidade'' (Eclesiastes)

A primeira coisa que fazemos quando acordamos é nos olharmos no espelho.Geralmente a imagem não é muito agradável. Lavamos o rosto, nos penteamos, tentamos nos recompor, enfim. É a evidência mais primária daquilo que nos alimenta: nossa vaidade.
Nossa vida toda é calcada nesta metáfora elementar.Tentamos nos recompor, através de nós mesmos, para nós mesmos e para os outros, do caos sem sentido que é a vida. Nunca nos satisfazemos. O mais narcisista, o mais egocêntrico dos seres nunca está plenamente satisfeito consigo mesmo. A satisfação é a própria morte.
A vaidade é a base primitiva do próprio artista.Sejamos francos: o mais culto dos seres não sabe muita coisa além de si mesmo. É a partir de si próprio que um artista interpreta e INVENTA o mundo. Não há escapatória deste narcisismo elementar a que estamos condenados, e de que um artista se alimenta.
Mas passemos da mais nobre das funções para uma mais baixa: a de jornalista. Em princípio, um jornalista deve ser uma ponte, uma condução à informação. Aparentemente, nada menos narcisista, não? Nada mais falacioso, meus caros. Alguém que detém o poder da informação tem a ânsia de interpretar o que vê, de dizer, do seu ponto de vista, o que é o mundo.Tão narcisista quanto um artista, mas certamente mais inocente e ingênuo, e por isto mesmo mais perigoso (no pior sentido da palavra). Não existe objetividade.O universo é construído de um enorme ''sujeito'' estilhaçado em bilhões; um mundo de subjetividades únicas e distintas.
O caos, então? Não. Há apenas uma maneira de nos libertarmos deste universo de incomunicabilidades. Através do amor. Reparem: a única vez que conseguimos nos libertar de nós mesmos é quando amamos alguém.Quando nos apaixonamos. E esta pessoa a quem amamos torna-se para nós mais importante do que nós mesmos. E o que importa se somos todos seres solitários? Compartilhemos então nossa solidão, nossos egos, nossas vaidades. A generosidade da arte reside justamente aí, nesta vaidade compartilhada, doada, comunicada a todos. Que se dane a objetividade. Entreguemo-nos como sujeitos que somos.
É preciso ler com mais cuidado o mandamento cristão que diz que devemos amar o próximo como a nós mesmos. COMO A NÓS MESMOS. Primeiro é preciso aprender a SE amar antes de amar os outros, ou seja, a vaidade é intrínseca ao amor. Se nos libertamos de nós mesmos ao amarmos nossas (os) parceiras (os), é porque este amor é fruto de nossa própria personalidade. O objeto amado não é mais fundamental do que aquele que ama. E isto sem falar das vezes que amamos sem sermos correspondidos.
Mais que um instinto, maternal, sexual, o que seja, é preciso lembrar que, sim, escolhemos a quem amamos. O que é urgente é que saibamos ampliar esta escolha. É que aprendamos a amar como os artistas, reparo, com os VERDADEIROS artistas, não com meros fabricantes de entretenimento. Invejo os artistas porque eles, com seus narcisismos, com suas megalomanias, são os únicos que sabem amar realmente. Através, e unicamente através deles mesmos. E que amor!

quinta-feira, julho 19, 2007

Windows, esse vendedor de enciclopédia.
Detesto quando o Windows resolve se mostrar útil, prestativo. Eu tô lá transitando, entro aqui, entro ali, saio de lá, coisa e tal; e aí o Windows começa a falar comigo feito um camelô de praça: - Viu, o Windows pode criar tal pasta, se tiver interessado clica aqui. Pode reparar isso, recuperar aquilo, corrigir erro nesse ou naquele arquivo... E vai falando, mais que o homem do Baú.
E a correção ortográfica do Word* ? Como fala, gente! Não adianta dizer pra ela ignorar a sentença, ainda assim ela vai palpitar: - Será que não seria melhor escrever desse jeito, botar uma vírgula aqui e inverter a ordem da frase? No começo eu deixo o Windows falar, porque, coitado, eu entendo ele como um primo mais novo que fica me mostrando tudo o que ele aprendeu a fazer desde a última vez que encontrei com ele, seis meses atrás. Mas depois eu começo a me irritar:- Tá bom, já sei que você é um menino inteligente, agora me deixa trabalhar um pouco. - Falo com voz branda e tal, mas falo. Só que ele continua. Respiro fundo, coitado! É aquela amiga prestativa, sensível, que nem é tão íntima assim mas quer me ajudar a resolver tudo na minha vida.
Então acontece alguma coisa e eu fico triste, tô sofrendo e tal mas tô indo, tô levando; só que ela me liga a cada meia hora, incluindo a madrugada, pra perguntar como é que eu estou e o que ela pode fazer por mim. A vontade é de abrir o jogo:- Escuta, filhinha, você gosta de saber que eu estou sofrendo, né? Fala a verdade. Mas respiro fundo de novo, tadinha, tão bem intencionada... Digo com voz forjadamante melada: - Está tudo bem, querida. Obrigada por se preocupar. Agora eu vou dormir, amanhã eu te ligo, tá? Mas o Windows insiste, a insistência do feirante do Oiapoque.
Nessa altura do campeonato já está ridículo, humilhante pra ele, eu começo a ficar com pena.O Windows se transformou na minha mãe e, tal qual ela, fica oferecendo janelinhas, como se fossem as guloseimas que ela me oferece sem parar, mesmo quando eu não tô com fome:- Quer goibada? - Não, mãe, brigado. Ela anda até a cozinha:- Tem queijo fresco, come com goiabada. - Não, mãe, valeu. Ela rodeia a minha cadeira.- E bolo de fubá? - Mãe, tô satisfeito, depois eu como. - Tá. Ela faz um esforço enorme pra ficar quieta mas não consegue: - Quer que eu faça biscoito frito? Biscoito frito você gosta. - Mãe do céu, eu não quero nada, tô satisfeito. Quando estiver com fome eu falo! Aí ela faz bico, senta no sofá e começa a fazer crochê rapidinho. Certeza que ela pensa nessa hora o quanto eu sou ingrato, que ela tá só preocupada comigo, que me achou magrinho demais... o quanto fiquei sem educação depois que cresci e por aí vai. Ela levanta os olhos do crochê: - E rosquinha de nata, quer um pedacinho? Ah, não! Ele continua...Depois de tanto tempo de incessante insistência em se meter na minha vida, eu já tenho com o Windows a intimidade que eu tenho com a minha mãe, e aí eu grito. Grito porque ela é minha mãe e pode entender porque eu estou gritando (mas que fique claro que essa narrativa, incluindo suas analogias e comparações são meras ilustrações, gritar com mãe? – Pêra aí né!) , além do mais, ela pediu por isso. - ROSAAA...Não, não era esse o grito. Agora vai: - SAI DAQUI! ME DEIXA. Aí eu fecho com força todas as janelas que o Windows abre pra falar comigo, como se tivesse batendo a porta na cara dele (hahah) .
Mas é perigoso fazer isso, porque aí ele começa a perseguir e a pagar de misterioso: - O Windows viu que você fez a operação 203. Passa um tempinho:- Agora você abriu a porta 456. Até chegar ao famoso erro fatal. E aí ele se vinga bonito: fecha o programa na minha cara. Eu, com a maior cara de bosta do mundo, constato que não adianta, eu preciso dele. Então vou até a cozinha, faço um café ou fumo um cigarro ( estou parando ) , engulo seco e pacientemente volto pra reiniciar tudo:- Desculpa, me precipitei. Posso entrar de novo?

* Tenho uma professora da faculdade que faz todas suas correções gramaticais “only” e tão somente pelo corretor do Word. E a pesquisa acadêmica dela é feita no Google. Juro por Deus, ela digita um termo específico da linha de trabalho dela e fica fazendo estatística, explicando como tal termo apareceu no site de busca. Inteligentíssima, hahahahahahahahh!
** A forma gramatical neste apresentada, é totalmente atípica aos padrões antarianos, todavia, foi necessária para ambientar a narrativa.
***A ausência de parágrafos, variações ortográficas e possíveis erros de formatação está diretamente ligada ás configurações do editor do blogspot, logo mais uma vez fica aqui registrada minhas desculpas.

quarta-feira, julho 18, 2007


LUTO.


A todas as famílias amigos e demais parentes das

176 vítimas do vôo da TAM; meus pêsames.

sexta-feira, junho 15, 2007

Um gesto
(Cinema, ciência, constância. Pizza, surpresa, serenidade. )


O toque fugidio de tua mão em meu braço:
Elegia canhestra ao acaso em descompasso.

Seria uma desatenção calculada do momento
ou epifania desarticulada enclausurando o tempo?

Seria a distenção lírica de um atalho
ou afeto bruto coroado em ato falho?

A resposta inconclusa de um suposto ungüento
será o silencioso espasmo de meu tormento,

seria, não fosse a memória fossilizada
no apetite de uma circunstância,

a minha espessa sombra martirizada
na angústia de uma eterna ânsia

(o desvio do teu olhar em constrangimento
reconduz o tempo a seus recortes formais

desterrando o gesto do seu intento
a ele arraigando epopéias abissais).

segunda-feira, maio 14, 2007

ATÉ LOGO E OBRIGADO PELOS PEIXES
E o papa foi embora. E que loucura foi esse país. Aprendemos nesses dias, além que papa se escreve com p minúsculo, que se você fizer sexo com camisinha você vai pro inferno, que você pode ser alemão e morar na Itália e ainda assim falar português melhor que o presidente do Brasil, entre outra coisas.
Ah, não podemos esquecer a canonização no Campo de Marte (só não foi no de Vênus porquê, já disse, camisinha é coisa do capeta!). Temos um santo. Santo Antonio de Sant'Anna Galvão. Sabe o que isso muda na vida da maioria dos brasileiros?
Nada. Absolutamente nada.

quinta-feira, maio 10, 2007

Mesquinharia, hipocrisia e queda de cabelo.

Não há miséria ou desgosto pessoal que não possa ser aplacado um tiquinho pela desgraça alheia, eis uma verdade inconsciente, suja, mas universal. Não é a toa que a santidade é um estado de exceção, e que todos os santos parecem padecer de certa anomalia em sua psique. O estado natural do ser humano é a mesquinharia. A tentativa de civilização foi uma maneira de domar a inhaca pegajosa do comportamento das pessoas. Claro que outras tantas ninharias nasceram deste mesmo processo civilizatório, o que corresponde dizer que a mesquinharia humana é ilimitada mesmo.

Mas volto à frase primeva e ilustro a dita cuja com exemplo próprio: tenho um ligeiro começo de calvície que me aflige, dadas às proporções generosas do meu crânio. Dois amigos meus, mais jovens que assim como eu, apresentam já uma calva avançada e proeminente. Confesso: é um alívio contemplar-lhes a fronte bem mais desencapada que a minha, o que me tira certo peso dos ombros. Sei que o exemplo é mixuruca e fútil, mas estou sem muita coragem de expor minhas vísceras com uma demonstração de uma mesquinharia pessoal mais metafísica.

Mas o negócio é que é assim com tudo, compreendem? Não há uma estupidez pessoal incontornável ou falta de talento estratificado que não possa ser mitigado com uma carência ainda maior de valores do próximo (quanto mais próximo, maior o alívio, aliás). Coisa boa à natureza humana não socializar equanimemente virtudes e vícios, mas estabelecer um padrão mais ou menos comum de equilíbrio-a mesquinharia-que suaviza e ameniza os desacertos. Prova de que nem todo mal necessariamente vem pra mal, dependendo das circunstâncias.

E ainda tem um bem intrínseco neste mal, um quê de revelação moral: quem diz que não sofre dele, mente, possivelmente sendo mais mesquinho ainda (não, não, os santos não dizem que não são mesquinhos: ao contrário, dizem que são os piores dos seres, almejando tornarem-se os melhores seres desta forma-que é um caso a parte de esquisitice).

Em suma, o sujeito que diz não sofrer de mesquinharia tem a mesma multiplicada ad infinitum pela hipocrisia, vício que, por sua vez, também tem lá suas virtudes, como, por exemplo, a de freio para instintos desagradáveis de sinceridade extrema que podem causar danos irreparáveis em amizades e relações amorosas. Mas aconselha-se a devida moderação em ambos os vícios.Alguma hipocrisia é necessária, muita é sinônimo de falta de caráter;alguma mesquinharia é vital à saúde mental, muita é sinônimo de canalhice.Perigoso mesmo é a tentativa de anulação de ambas, o que pode resultar em santidade , chatice, ou maluquice mesmo, dependendo da enverdagura do sujeito.

quinta-feira, março 08, 2007

Devaneio

Os sonhos são feitos pelos cineastas mortos, jeito de ocupar-lhes no purgatório. Coisa da aliança espúria de Deus e do Diabo.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Oratória
Pela palavra o gosto telúrico de um suave senso de sentido o fruto humano e pragmático do verbo original abocanhando o termo transcendente em escultura chã
Pela palavra a carne feita verbo o claustro da realidade inalcançável o indizível a ser composto em sintaxe o caos fruto do sistema impenetrável de acertos vários e hiatos infinitos.
Pela palavra a criação dos fatos e edificação da história perplexa e precária captura dos afetos a criação do ser aos moldes do discurso inventado que o define.
Pela poesia o avesso o estilhaçamento do sentido.
(ou seu mesmo reflexo refundado)
tentativa fracassada e deleitável
de reencontro com o instinto primitivo
que reembaralha fins e princípios
que descortina o tempo
o verbo
o ser.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Edição

Recapturado o momento fugidio que não acontecera. Por entre os dedos o alívio tácito de um toque não consumado entranhado nos poros de uma possibilidade atávicaEnclausurado o instante utópico entre paredes vedadas de memória criativa desculpada a doce angústia que antecedia o íntimo reconhecimento de uma permanente antecipaçãoPercorridos os cheiros, tateadas as nuanças, calculadas as formas de um casulo atemporal, nicho estreito entre porvir e quase filtrado a fantasia perene de uma perda semiganha vitória encantada de um fracasso tampouco concretizadoReconduzidos hiatos e pausas aos recortes conformando a concretude de um nada conquistado a desacertos convictosFeito, portanto por merecer seu repouso de sentido na reconstrução dos incontáveis fragmentos que ornamentam sua reinvenção baseada nos falsos esquecimentos e na ressurreição continuada de fatos deletérios revividos no corpo glorioso da desmemoria voluntária.

quarta-feira, agosto 30, 2006

Quitanda

Vendem-se verdades Cruas cozidas ásperas secas insípidas requentadaspara todos os gostos , aptidões e paladaresnos moldes definidos da safra ou opinião de cada estaçãoverdades mastigadas e regurgitadas para reconsumo cíclico
Cobra-se a satisfação esquálida de um consolo provisóriode realidade provisória até que caiam de maduros novos frutos vindouros de verdades pretéritasem novíssimas embalagens
(Não desconsiderem a semi putrefação de alguns conceitosmenos afeitos ao manuseio e aos gostos da turba,síndrome fatal de uma meticulosamente imperfeita naturezaopressora de sementes indóceis que contrariam o mercadoAinda assim, vendem-se estes mesmos frutos tortuososindicados ao público ávido por especiarias mais refinadasque , diga-se de passagem, acabam , depois de certo tempo e certas mutações da lavoura,caindo também no gosto do populacho)
Cobra-se a tortura deleitável de um tormento fabricado como soma e contraponto a uma previsível desordem natural das contingênciasCobra-se a pretensa tortura que nos alivia do caos de uma permanente interrogação
Em benefício do cliente nos responsabilizamos pelo contrapesoda ingestão de meias verdades mal digeridase outras obviedades mal assimiladas por razões e instintos gastro metafísicos
Como cura, oferecemos as mesmas velhas questões, sem nenhum encargo ou despesa extra
Quem dá menos?

domingo, julho 09, 2006

Tudo é da minha conta
Discrição é um mito. Porcamente fabricado.Manipulado por gentinha sem grandes ambições de espírito e escassos de virtudes. Ora, se, como dizem os gnósticos, tudo é manifestação divina, ou, como dizem os ''quânticos'', toda a matéria se coaduna, então tudo é da minha conta, desde a derrota de Napoleão em Waterloo ao problema de ejaculação precoce de um vizinho. Todos os assuntos, todas as pequenezas, grandezas, minudências, particularidades da vida alheia são do meu interesse. E quem é que vai mensurar aquilo que é ou não do interesse coletivo? Um indivíduo? O Senso comum? Prefiro meu próprio escrutínio, me basear em minhas idiossincrasias a confiar nas idiossincrasias pseudonormais do populacho que faz apologia ao ‘’apelo universal’’’. Prefiro o meu universozinho particular, uma vez que o Joseph Campbell já dizia que o universo conspira a meu favor.
Transformei-me em jornalista para isto mesmo: para dar uns ares de sofisticação à minha mania obsessiva de revirar aquilo que os socialmente corretos dizem não me dizer respeito. Mas até no jornalismo descobri, para meu desgosto, regrinhas éticas elementares do ''Zé povinho do interesse comum''. A questão é que se me dizem que o negócio não me diz respeito, aí é que eu me interesso mesmo. É de uma simplicidade freudiana elementar, percebem? A vida sexual alheia, o mau hálito do meu inimigo, a sarna secreta de um conhecido, a falha dentária da musa do telejornal, tudo é matéria do meu interesse. Eu, pedante contumaz, aprendiz de literato, acredito que a base de toda a literatura, e , por conseguinte, de todas as demais artes, é mesmo o fuxico, a curiosidade patológica sobre os detalhes sobre tudo e qualquer coisa que nos cerca.Por que fazer um poema sobre um pôr do sol ou sobre o canto do bem-te-vi, se se pode construir uma epopéia sobre a suposta infidelidade da mulher de Ulisses?A arte é a prova absoluta que só o fuxico e a indiscrição produzem maravilhas na história da humanidade.Arte discreta é coisa de árcades pós-enrustidos. Homero já sacava muito bem deste prazer encantador que é meter o bedelho na vida alheia e ainda foi bem copiado por Joyce, o fuxiqueiro pós-moderno.
A indiscrição tem inclusive um certo mérito de pesquisa empírica, de desbravamento, de aventura e heroísmo pessoal.Só um virtuoso de fato tem méritos suficientes para ser um bom fuxiqueiro e desbaratar o universal naquilo que aparentemente não é da conta de ninguém, e que, no fim das contas, se transforma nos mais augustos interesses da arte, e, por conseguinte de novo, da humanidade.Só os heróis se metem na vida alheia e fuxicam.Os medíocres e comezinhos espiam discretamente, pisando delicadamente em ovos, para não perturbarem a vida privada do vizinho broxa.

terça-feira, junho 20, 2006

Substituições em um joguinho esquisito

Qualquer tipo de obrigatoriedade me causa sarna.Desde os tempos idos da mais tenra infância que eu tenho uma birra hecatômbica de qualquer tipo de imposição.Cheguei mesmo a ser reprovado na escola por me recusar a estudar aquilo que não me interessava ou que achava que não dizia respeito aos meus gostos e habilidades pessoais.Rebeldiazinha púbere? Qual nada era preguiça mesmo.Tanta preguiça que eu me recusava até a colar pelo trabalhão que dava.No mais, infante que era, eu já tinha razão: não me transformei em químico nem em físico.
Mas este narigão de cera aí em cima é para falar do meu atual desespero com a overdose impositiva futebolística dos tupiniquins em época de copa do mundo.O que era sarna na infância agora toma os ares de uma urticária pesada com brotuejas e tudo o mais. Quem diabos pode me explicar um país que pára durante um mês para entregar sua alma e o apêndice a menos de uma dúzia de marmanjos que tentam enfiar uma pelota em uma rede?(E que me façam os sociólogos o favor de não responderem a esta minha pergunta porque ela foi apenas um exercício de retórica para adornar minha antipatia. Por Deus.)
Como no caso de química e física na minha infância, não odeio o futebol em si.Tenho preguiça dele.A minha birra é com os passionais de plantão. Jornalistas, filósofos, motoristas de táxi, lavadeiras, garçons, todo mundo da nação nambiquara enfim se junta e de repente faz soar um único coro comum de adoradores e comentadores do esporte bretão. É o ápice da democracia em seu pior aspecto: a ditadura do gosto médio da maioria.Até mesmo artistas e intelectuais sucubem à moda.
O futebol de súbito vira uma quitanda de sublimação coletiva para delírio de Freud na tumba.Um certo amigo meu, que é ateu, desconta sua falta de adoração religiosa no culto às chuteiras dos marmanjos.Não por acaso, eu o considero a metáfora maior que talvez simbolize as idiossincrasias que formam um todo de uma paixão coletiva.Afora a religião, que já é um substitutivo (talvez até necessário) de muita coisa no corolário das neuroses humanas, o futebol substitui um sem número de carências humanas e sociais: financeira, afetiva, sexual e patati patatá.Este meu amigo, sujeito culto e inteligente, conseguiu a proeza de substituir uma substituição por outra substituição.Sublima ao quadrado e ad infinitum suas carências metafísicas por uma outra sublimação tamanho família popular. É Freud e Schopenhauer fazendo a festa em uma pelada no além...
Mas o que me espanta é que o futebol mesmo é um jogo muito parecido com a vida em si para se tornar um substitutivo feérico da realidade: é um jogo aborrecido, na maioria das vezes de poucos ápices (gols), em que não necessariamente sempre o melhor ganha (na vida real, a coisa é inversamente proporcional) por razões do esquema de regras esquisitas do próprio jogo em si.Seria o futebol um apelo masoquista sublimador, como a arte? Sei lá eu.Eu é que não troco uma sinfonia de Beethoven ou uma peça de Shakespeare por uma partida de Brasil e Croácia com placar de um a zero.Neurose sublimatória por neurose sublimatória, prefiro as minhas, mais pedantes e sofisticadas e não impostas pelo senso comum.No meu time de sublimações, o futebol não entra nem como reserva.

segunda-feira, junho 12, 2006

Horizonte

A cidade se abre como encruzilhada complacente
convidativa em suas esquinas tergiversantes
em sua essência de boca porosa
engolindo seus transeuntes desavisados

Como um tumor não descoberto, produz sorrateiramente
a metástase dos seus espelhos coletivos
em reflexo deformado de seus narcisos singulares
sequiosos por uma falsa imagem do que
deixam de ver à sua frente

A cidade reflete a si mesma na projeção dos seus habitantes:
seus odores de rotina suas máscaras de concreto
seu plano mal calculado e ultrapassado pelo
progresso das circunstâncias
seu asfalto áspero dando solo
a sonhos desejos e convicções amaciados
pelo conforto estático dos transportes públicos
o trânsito caótico de suas vítimas ávidas pela colisão

A cidade sobrevive como geografia humana em perspectiva
ornada de monumentos estéreis de heróis desnecessários
sustentada pelo frágil vértice dos edifícios que miram um céu intangível

A cidade se fecha com resposta tácita a uma pergunta estilhaçada
Seus ruídos guturais sua falta de estilo seus cruzamentos enviesados
sua velocidade sem rumo seu grito primitivo e inescrutável
são o sentido lógico e equação exata de sua urbanidade inviolável

A cidade pesa sobre seus habitantes
como tentativa atávica e utópica
da construção de um lugar comum
para multidões de um só.

segunda-feira, junho 05, 2006

Superfícies e profundezas

O Brasil é o paraíso da superfície. Não à toa grassam entre nossos supostos talentos literários um sem número de cronistas que agora têm um novo recrudescimento com o surgimento dos blogs. Figurinhas blasé, dândis que pregam uma atitude indiferente, ao mesmo tempo irônicos e iconoclastas.
A problema é o balanço entre ironia e iconoclastia. Uma certa porção de culhões é necessária para se tentar destruir algo e se tornar de fato um iconoclasta ou coisa do tipo. Por falta de substância-e de culhões-nossos neocronistas virtuais carregam nas doses da ironia, aceitando tacitamente um estado de coisas como elas são: ruins mesmo, enquanto esta casta privilegiada de escribas potencialmente usufruiriam de uma visão beatífica da estética universal. Bah.
Ah, não se enganem: o contrário também existe e é tão ou mais tedioso quanto o fenômeno dos dândis internéticos. Há também os frutos da sempre popular e populosa intelligentsia nacional: os filhos da esquerda festiva. Revolucionários de botequim que vestem camisetas de che guevara e querem conceber e realizar a revolução socialista nos dias de hoje.As palavras de ordem são sempre as mesmas: luta contra as desigualdades, contra a fome, contra a injustiça social e patati patatá.
Pois bem: o que une estes grupos aparentemente tão diversos ? A superficialidade mesma. São todos oriundos (embora os blasé se finjam por vezes críticos deste viés) da crônica brasileira: esta mania tupiniquim de tentar embutir teses sociais, metafísicas e filosofias em uma conversa de mesa de bar.
Você, desconfiado leitor, deve agora estar se perguntando que diabos este escribinha que vos fala está a meter o tacape na própria raça. Não seria ele um destes frutos do croniquismo brasileiro também? Talvez sim, em parte.Mas quem é que disse que esta mania de superficialidade é necessariamente ruim? Pode ser chata e o é na maioria das vezes, porque a maiorias dos cronistas crônicos, sejam eles de internet ou não, não tem talento, ou são visceralmente enfadonhos mesmo.
O fato é que nada tenho de substancial contra a superficialidade em si, desde que a dita cuja seja bem arquitetada e resvale num certo aprofundamento, só para que o leitor não se afogue no tédio de uma poça rasa de julgamentinhos sem estrutura.E, de resto, a maioria das profundezas da literatura e mesmo das relações humanas são em essência superficiais. Talvez profundo mesmo seja o sujeito que saiba tirar da superfície um extrato do que seria a essência(ou a falta de essência) da humanidade.Uma leitura mais atenta e acurada de um Proust ou mesmo de um Shakespeare revela exatamente isto.
Ser superficial na forma e profundo na superfície é uma equação não muito afeita à maioria das pessoas que escrevem ou tentam escrever. Por isto mesmo há escritores e pessoas que escrevem. A questão particular no Brasil é que há gente que intencionalmente quer se fazer de superficial para ser profundo e consegue exatamente apenas o primeiro intuito. Em outras palavras: alguém uma vez disse de Oscar Wilde que quanto mais frívolo ele parecia ser, mais profundo ele era. Alguns escribinhas tupiniquins, por mais frívolos que parecem, mais frívolos conseguem ser de fato.

quinta-feira, maio 18, 2006

De pessoas, circunstâncias e coletivos circunstancialmente anônimos


Já repararam como já não há lugar para o mau caráter na dita sociedade pós marxista? Não há mais canalhas, pessoas más, réprobos.Todo mundo é movido pelas circunstâncias.Quando não é vítima da sociedade capitalista, o sujeito é no máximo um produto de sua classe econômica.Se mata, rouba, estupra, é porque é excluído e marginalizado social.Se explora e é corrupto, é porque é um agente das forças econômicas de um sistema opressor.O marxismo, ironicamente, é a verdadeira religião do indulto universal, salvando todo mundo pela anomia.Ninguém tem subjetividade, todo mundo é fruto do sistema: os erros individuais perdem todo o sentido diante do grande Erro da engrenagem fatal.A solução para esta engrenagem? Homogeneizar de vez todo mundo, excluir as diferenças para que todos tenham a possibilidade de serem diferentes.A resposta para uma equação ilógica, claro, só haveria de ser um paradoxo.
A nhaca é que este discurso prevalece hoje mais do que nunca disfarçado(ou não) de defesa do social.Há um levante qualquer do crime organizado, um massacre de cidadãos de bem por marginais, e lá vêm os nossos políticos dizendo que tudo é problema de falta de educação, que tudo é culpa da falta de investimento no social.Como se a corrupção que grassa nos altos escalões do poder fosse produto de excluídos e párias sociais...Ah sim, mas crimes mais sofisticados não entram na cartilha de bandidos que tomam banho diariamente e vestem Giorgio Armani.
Me desculpem um certo aparente tom de simplicidade, mas tenho lá minhas saudades de um tempo utópico em que havia pessoas boas e pessoas más e que as circunstâncias não tinham a griffe sócio-político-metafísica que têm hoje.As pessoas são fracas, eu sei, e o caráter de um sujeito é débil.Mas é nas horas de debilidade que se mede o valor de alguém.Se um esfomeado e maltrapilho mata e estupra, ele não deixa de ser nem assassino nem estuprador porque tem fome.E por mais analfabeto que possa ser, duvido muito que o dito cujo não tenha o mínimo senso-instintivo que seja- de que matar e estuprar é errado.Isto tendo em vista que ele tenha matado para saciar sua fome, quer seja ela por alimentos ou por sexo mesmo; isto sem considerar que há gente que mata, rouba e estupra por sabe-se lá que outros apetites doentios.
Mas os arautos da injustiça social sempre justificarão assassinos, estupradores, ladrões, e tudo o mais com a magnânima desculpa da exclusão social.Se o criminoso é rico e poderoso, se safa, por condições do próprio sistema(Aí Marx chega a quase ter razão.Mas só um pouquinho); se é pobre, tem o perdão social da intelligensia de esquerda porque é pobre e excluído.Livre arbítrio? Ora, isto é coisa de imperialista esteta e carola, dizem os bolcheviques pós modernos(E os antigos também.No fundo, são atemporais em sua boçalidade).A moda agora é culpar as circunstâncias.Pessoas, indivíduos, subjetividade,caráter,opções,escolhas, são, segundo a esquerda atemporalizada, ‘’conceitos’’ conservadores da direita.Então tá.Mas quem é mesmo que forma as circunstâncias?

quinta-feira, maio 04, 2006

A junção dos rabiscos

A resenha de nós mesmos...

O traço do lápis que escreve a história da nossa vida, por vezes, é apenas um rabisco. Ocorre em momentos felizes, quando quase não tencionamos escrever...vai-se vivendo com tamanha fluidez, que o traço se estende, quase se ofende...como prontuário médico, escrito às pressas, como se o lápis passeasse pelas brancas ranhuras da página, ensinado passos de dança. Em momentos de pesar, o lápis tem tempo, põe as vírgulas, encrava os pontos...e, por fim, passa-se a página! Parece que escrevemos mais, para possibilitar o esgotar da folha...exaurir a condição. Cada página virada é uma dor a menos...mas eis que ali reside também um novo desafio... Que se façam ilustrações para preencher o espaço deixado pela ausência de palavras...posto que palavras dolorosas nada mais são que palavras com maior tempo de reflexão. Que se façam linhas horizontais fortes, pra compensar a falta de destreza do traço triste, posto que o tamanho da firmeza do lápis nem sempre reflete a mesma dimensão do caráter do escritor. E, por fim, que seja possível reconhecer a capa apenas como fachada...e, ao passar das páginas alheias, se saiba que ali reside uma versão pessoal do que se é... ...e que se tenha a tolerância, paciência e solidez para, um dia, ceder o lápis a quem for nos acompanhar, posto que poucos são aqueles que podem nos dar versões sinceras de nós mesmos.

quarta-feira, abril 26, 2006

A simpatia do fracasso

O sucesso pode fascinar as pessoas mas o fracasso angaria muito mais simpatia.O primeiro grande e suposto fracassado da história ocidental é Ele mesmo, o próprio Jesus Cristo.Ora,segundo os padrões vigentes de sucesso à época(e de agora também), não se pode chamar exatamente de bem sucedida a trajetória de alguém traído, abandonado e crucificado pelo seu próprio povo.O sucesso de Cristo foi justamente o proveito metafísico que tirou de seu suposto fracasso material , transformando este fracasso em sucesso metafísico.
A verdade é que o fracasso alheio nos é simpático.Sempre.Quer seja por razões psicológicas, sociais, religiosas, sempre tendemos a nos projetar com a derrota dos outros, justamente porque nos inspiram um sentimento de harmonia, de companheirismo tácito entre derrotados, que obviamente estão sempre em número mais vantajoso que os bem sucedidos.Mesmo os mais bem sucedidos têm suas vidas eivadas de pequenas ou grandes perdas.O fracasso é, em menor ou maior grau, o substantivo mais democraticamente distribuído entre todos os seres.Por isto esta identificação coletiva com o fracassado. O fracasso sociabiliza, o sucesso aparta.
O fracasso não é necessariamente epopéico, como o de Cristo, mas é invariavelmente tragicômico, como a vida em si(que os mais pessimistas dizem ser O fracasso em si).Senão vejamos:o princípio e a base de toda a comédia é o fracasso.O humor é oriundo do fracasso.Pode haver drama em uma história de sucesso ou de derrota, mas o humor jamais admite o sucesso.Não há graça em um presidente da república que se elege, em um herói que vence uma batalha ou em alguém que acerta na loteria. O humor, a graça estão sempre do lado dos derrotados.Não foi à toa que Dante batizou sua obra prima de ‘’A divina comédia’’ , ou que Balzac tenha batizado sua série de romances de ‘’A comédia humana’’.Ambos os autores tratavam, sobretudo, de derrotados.Chaplin e Woody Allen fizeram de seus tipos únicos e característicos epítomes dos fracassados.O sucesso de ambos foi extrair o sucesso através da representação de suas perdas.
Reparem como há uma similitude na caracterização de todos os fracassados representados pela ficção e pela arte , em geral.Um exemplo simples:Charlie Brown, o garoto fracassado do desenho homônimo e George Constanza, o neurastênico derrotado do seriado "Seinfeld’’. Se fizermos um exercício de projeção não seria muito difícil concluir que Charlie Brown poderia facilmente ser a representação da infância de George Constanza.Brown, um garoto azarado, aéreo, subjugado,após os prováveis traumas de adolescência e juventude, não estaria muito distante da neurose e dos chiliques de um Constanza em idade adulta.Em suma, há um certo padrão alegórico nos fracassados carismáticos, que pode nos remeter àquela velha idéia-equivocada, a meu ver- de que ‘’todos os homens são um homem só’’.Equivocada porque , apesar de haver semelhanças enormes entre um ser humano e outro, há sutis diferenças que justamente definem o que chamamos de personalidade;sutis diferenças que separam a beleza da feiúra, a inteligência da ignorância, o sucesso do fracasso. O barro é o mesmo, mas a formatação varia de acordo com a vasilha.Estas mesmas sutis diferenças são por vezes tão sutis que quase não percebemos o quanto pode haver de sucesso em um fracasso.Que o digam Allen, Chaplin, Constanza, Brown e Cristo, só para citar alguns dos nossos mais caros ‘’fracassados’’.

terça-feira, abril 11, 2006

Fora da terra

O primeiro astronauta brasileiro a ir para o espaço é a metáfora completa do povo da terrinha.Quer seja em questões de personalidade ou circunstâncias.Caroneiro em uma missão inútil, orgulhoso de suas atribuições dispensáveis, sem os pés no chão, literalmente no espaço.Nada mais apropriado.
Reparem na felicidade aérea na cara do sujeito, no sorriso etéreo de quem está contente sem saber muito bem o porque, de quem se presta a um serviço do qual não tem muito bem a real dimensão.Reparem no absoluto autismo de quem se presta a servir de propaganda para interesses subliminares e eleitoreiros de governos espúrios. Depois de repararem em tudo isto, me respondam francamente: o tal astronauta é ou não é o típico retrato do brasileiro comum?
Oh, nada contra o feliz astronauta.Nem mesmo a favor, diga-se. É , como o brasileiro comum, um despersonalizado, sem consciência de si, imerso em um campo gravitacional nulo, controlado por ordens e comandos invisíveis.Sempre sorridente, cioso de seus deveres para com a nação(sem saber ao certo quais estes seriam).Um herói tupiniquim da estirpe de Macunaíma, talvez menos preguiçoso que o personagem de Mário de Andrade, mas não menos folclórico.Cordialíssimo, na mais concreta tradição do ‘’brasileiro cordial’’ de Sérgio Buarque de Holanda.
Se presta dignamente a um dever para com a pátria.Um dever sem estofo mas que enche de orgulho às hordas e multidões da nação tupiniquim.Um enorme passo este de ser lançado ao espaço sideral, fora dos domínios terrestres, fora da órbita planetária, fora dos círculos fixos de pensamento, fora da concretude., fora do nosso mundinho comezinho, enfim.
Flutuando sem gravidade, sorridente, voltando depois do dever cumprido(que dever mesmo?), o tal astronauta é o retrato mais vivo da história do eleitor e cidadão brasileiro.Deveria ser incluído nos anais da história política , sociológica, literária e metafísica brasileira.

quinta-feira, abril 06, 2006

Das tais afinidades eletivas


Amigos, parentes, amores, animais de estimação têm lá suas diferenças na escala de afeto, mas são todos igualmente dependentes de circunstâncias peculiares, quer sejam sociais ou psicológicas.Há pessoas com quem você trava amizade que eventualmente possuem características aparentemente detestáveis como arrogância, pedantismo, caráter frágil, etc.Mas estas mesmas pessoas, de acordo com o enquadramento e a alocação destas característcas, tornam-se, diante de seu julgamento, pessoas adoráveis pelos mesmos motivos pelos quais se poderia detestá-las.O contrário também é pertinente:pessoas adoráveis com virtudes inumanas de tão boas podem se tornar justamente aborrecidamente inumanas a certos olhos.
Triste mesmo são os tais conhecidos perpétuos, aqueles a quem, por eventualidade do destino, estamos às vezes condenados à eterna companhia.Alguns têm a má sorte de tê-los como parentes, às vezes até muito próximos.Um tio ou primo cacete, vá lá, mas imagine um filho ter de conviver com um pai intolerável, coitado, ou vice versa.A obrigação genética de amor incondicional é uma das maiores crueldades impostas pela natureza social humana.Uma família deveria ser escolhida a dedo depois dos dezoito anos de idade.Neste meio tempo, poderia haver um ‘’rodízio’’ de famílias pelo qual o infante passaria, dando seu veredito final sobre a mais simpática ao final da turnê.Sou um sujeito conservador em certos aspectos, mas no que tange a estas coisas de sangue e parentesco, sou anarquista libertário.Pais também poderiam renegar ou trocar seus filhos depois de certa idade.Por exemplo, se com dezesseis anos o rapazote começar a escutar axé music e pintar o cabelo de laranja,o pai poderia mandá-lo para uma instituição de caridade financiada pelo governo baiano ou outra coisa do tipo.Crueldade que nada.Certeza absoluta que as partes ficariam muito contetes depois de certo tempo.Este negócio de convivênca salutar com as diferenças é muito bacana até que apareça um disco de Amado Batista, um livro de Paulo Coelho ou qualquer coisa do gênero.
Amores, por sua vez, implicam circunstâncias mais patológicas que as aqui mencionadas amizades.Porque nas amizades, ainda há uma escolha mais ou menos racional das características que o agradam em determinada pessoa.No caso de amores e paixões, entram coisas como apelo sexual , idiossincrasias individuais , levando o sujeito a muitas vezes se enamorar de uma criatura totalmente estranha aos seus paradigmas e parâmetros.Não é à toa que o clichê que diz que amor e ódio se misturam é quase sempre corretíssimo.Também estão aí as paixões eternamente platônicas ou as que nunca dão certo que não me deixam mentir.Há um quê de perpétuo masoquismo no ato amoroso, como se houvesse uma vingança implícita de seu subconsciente contra aquela implicância com aquele seu parente chato com quem você nunca se deu bem.Há, claro, os amores corretos, organizados, matizados de acordo com afinidades específicas.Mas estes não são amores:mais parecem contratos burocráticos entre funcionários públicos

segunda-feira, abril 03, 2006

Como tudo deve ser ...

Um dia a gente acorda de manhã e se dá conta de que nem todos aqueles sonhos faziam sentido. A porta permanece fechada, o telefone não toca. Você espera que as coisas mudem, mas tudo segue sempre o mesmo script. Um dia você acorda de manhã e não entende mais o lugar que ocupa no mundo. Qual a sua função? Então você sai da redação, senta a bunda numa cadeira de bar e decide resolver o mundo. Mas não há respostas ali, acredite! Seus amigos não sabem o que fazem aqui também! Então você ajeita o travesseiro, sente que seus pés estão te matando...e fecha os olhos tentando entender o propósito daquilo tudo...até que o novo dia amanheça e você perceba que suas dúvidas continuam ali...



Em tempos modernos, em que pontificam os pós-modernismos, pós-estruturalismos, descontrutivismos, teorias cognitivas e sistêmicas da literatura, da arte, da ciência, do universo, novas tecnologias, mídias digitais, experimentos criativos verbais, sonoros e visuais em linguagem high-tech, a obra de Saramago nos evoca ainda o velho contador e histórias, ao pé da fogueira ritual ou da lareira doméstica, em noites européias de inverno ou noites tropicais sem lareiras, a tecer, com voz e o corpo, enredos fantásticos ou a transformar, com a magia do verbo e da voz, as miudezas e os pequenos gestos do cotidiano em momentos epifânicos reveladores, pondo a nu heroísmo e fantasmas insuspeitos e recônditos no âmago do ser humano, deflagrando sonhos, pondo em cena nosso teatro interior, estimulando-nos a trazer à luz os anjos e demônios que nos habitam.
Se fala de ambigüidades, não se pode deixar de mencionar a que se estabelece num terreno misterioso: o da fé religiosa. Saramago crê, finge crer ou não crê, absolutamente? Não deixa de ser significativa a citação que um dos textos faz de uma fala do autor, sobre O Evangelho segundo Jesus Cristo: “ Para mim, ateu, como para um crente, a questão da relação do homem com Deus é importante. È esta relação básica, essencial, radical, que eu ponho em causa neste livro”. Daí, as referências que o autor faz aos lapsos, encontráveis na obra do escritor, em que ele deixa escapar sua fé.

quinta-feira, março 30, 2006

A crise do racionalismo
Comprovação do crescimento infinito da entropia no universo?

Os homens descobrem as soluções e encontram conflitos, em seguida. Mentem a verdade. Desgastam a subjetividade, opondo a arte à ciência. Será que guerrear conceitos nos faz aprofundar a epistemologia deles? Será que duvidar das definições não apenas amplia o conceito do relativismo? Que tipo de verdade absoluta pode haver em diferentes ideologias pessoais? Os estudos da moral nos levam a uma reflexão depressiva ou a uma visão niilista?
A rede de TV britânica Sky One teve uma baita idéia para divulgar o lançamento da décima sétima temporada de Os Simpsons na Inglaterra. Encenou a clássica abertura do programa com atores. O resultado ficou muito bom. Bom nada, ficou sensacional. Os tempos da edição estão perfeitos e a sequência mantém todas as características do original em desenho.
Fonte:http://www.corporacao.pop.com.br/


Os Simpsons - versão humana ( Assista o vídeo )



quarta-feira, março 29, 2006

The Begin...


Up...



Houston, we have a problem! Not this time...Yet!



terça-feira, março 28, 2006

Conto de fadas revisitado

Cerro os dentes e engulo a seco sapos rotundos
que me causarão náuseas físicas metafísicas não digeridas
não evacuadas assimiladas internamente como mal estar
endêmico cristalizado no sorriso amarelo esqualidamente cortês

Os sapos pululam festejantes em meus órgãos ressequidos
sorvendo ávidos a safra imemorial de minha bílis acumulada
Suas sombras serão expectoradas pelas minhas feridas abertas
sobre cabeças mãos e bocas de quem não os merece
perfazendo assim o ciclo do encanto delicadamente nefasto

E me redimirei como príncipe dos despojos de meus algozes
e vítimas inocentes.