Toma um fósforo acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro. A mão que te afaga, é a mesma que te apedreja. Se alguém causa ainda pena a tua chaga apedreja essa mão vil que te afaga, escarra na boca que te beija! RE-Incidente em Antares

segunda-feira, setembro 19, 2005

Celebração do espelhinho de segunda
Venerar algo ou alguém, por mais venerável que seja o dito cujo ou a coisa, é coisa esquisita;espécie de narcisimo contrariado e reprojetado, vaidade desfocada.O sujeito que não tem nenhum talento, nenhuma habilidade especial, nenhum mérito mais diferenciado, venera.Invejar é mais saudável e mais afeito ao espírito humano.Cobiçar com plena mesquinharia as virtudes alheias é mais salutar que babar diante do próximo, a meu ver.
Por mórbida estranheza , nunca veneraram tanto quanto agora.Em época em que não há quase ninguém(quase?) venerável, nunca proliferaram tantos ídolos.Já ouviram, por exemplo, falar de uma tal de Paris Hilton? Vejam o curriculum vitae da moça:filha de alguém muito rico, feiosa, nariguda, não sabe atuar, não sabe falar, não canta, não dança, se veste mal,se expressa mal e fez uma fitinha de sacanagem caseira com o namorado cafajeste.É idolatrada nos Estados Unidos por adolescentes e esteve no Brasil, onde foi o foco da atenção da mídia.Que diabos esta criatura fez- por misericórdia, me expliquem- para fazer sucesso?
Não é meu interesse chutar cachorro morto mas me assusta a idolatria desvairada a quem nada fez e a quem nada é.Se ao menos as pessoas idolatrassem pessoas que tivessem um tiquinho de talento, ainda que mal vocacionado, vá lá.Mas idolatrar o nada em forma de gente?Desfilam diariamente fenômenos do tipo Big Brother em que pessoas se tornam célebres por ..serem célebres.Assim a vida midiática de costumes e adereços de nossos tempos modernos:um pleonasmo debilmente surreal.
Mas, uma vez refreados meus impulsos revolucionários, começo a suspeitar que as diversas minorias de diversas especificidades de medíocres configuram a maioria esmagadora daquilo que se chama democracia.E, eureka, descubro:de uma maneira torta, os medíocres são espertos.Nefastamente espertos.