Toma um fósforo acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro. A mão que te afaga, é a mesma que te apedreja. Se alguém causa ainda pena a tua chaga apedreja essa mão vil que te afaga, escarra na boca que te beija! RE-Incidente em Antares

sexta-feira, setembro 23, 2005

Desconstruindo a desconstrução

Que teoria do caos que nada.O mundo é certinho, ordenadinho,redondinho, quase lógico mesmo.Tudo é de um elementarismo primário.Se você nasce, vive , morre e pensa, então há uma certa ordem intrínseca a todo este processo, não? Tenho dó moral e intelectual dos pobres coitados que acreditam pura e simplesmente no acaso.Nasceram, vivem e pensam por acaso, pobrezinhos.Não seria de todo mal que os que não acreditam em acaso acreditassem piamente que os que acreditam são pura e simplesmente obra de um descuido mesmo, de uma irrelevância atemporal sem planejamento.Não seria de todo mal, mas seria falso e um tantinho cruel.E todos nós temos bom coração, claro, e toleramos, não por acaso, os desatinos intelectualóides alheios.
Mas o fato é que há ordem em tudo.E não adianta vir com argumentos desconstrutivistas, porque o próprio desconstrutivismo brotou de um ordenamento lógico do pensamento, o que desconstrói a própria idéia de desconstrução, ora bolas.Ah, longe de mim querer desmerecer um certo relativismo de valores morais, éticos , estruturais mesmo.Isto tudo teve lá sua valia no século passado.Mas, caríssimos, todo o método de relativização e desconstrução pressupõe, ainda que implicitamente, a construção de algo no lugar, nem que seja o avesso do que tenha sido desconstruído ou mesmo a construção de um vazio, de coisa nenhuma.Sim sim senhores, a mais elaborada construção é aquela que propõe o nada absoluto como equação básica da vida, aquela que prova que eu, você e tantos outros não existimos, que somos esboços do que não viria ou não virá a ser.A moda, aliás, nas últimas décadas é tentar provar isto mesmo, que viver é um passeio metafísico, sem a meta e sem o físico.A questão que refuta tudo isto é que tentar provar que tudo é etéreo e nulo é em si uma tentativa de ordenar, classificar este mesmo nada.
Assim em tudo.Filosofia, arte , ética.Toda tentativa de iconoclastia denota a edificação de novos ídolos, nem que seja o ídolo da devoção ao acaso.Não sobrevivemos sem deuses, senhores.A totemização da própria sombra é destino fatal de cada um de nós.Nos resta a opção do bom senso de edificarmos tótens palatáveis , úteis e agradáveis.
Vamos à praxis da coisa por uma maneira enviesada para não me chamarem de acadêmico empedernido e janotinha:vejam que há um espíririto moral e ético de ordenamento até na atitude canalha.Existem organizações criminosas que se comportam segundo rígidas normas morais que fariam corar os mais probos juízes de direito.Regra para matar, regra para trair, regra para torturar...tudo que não possa ferir a honra o respeito das gangues em questão.Disse a máfia, mas pode-se observar estas mesmas condutas morais em graus diferentes nas mais diferenciadas tribos de criminosos.Pois bem, se há uma tentativa de ordenação moral até mesmo em criminosos, que dirão aqueles que dizem ser tudo obra do acaso, onde residirá o argumento dos apologetas da estética da coisa nenhuma?
Existe uma matemática intrínseca reveladora da engrenagem humana, sub humana e sobre humana.Embora tenha um palpite,sei lá eu se esta matemática é boa ou perversa.E nem me interessa muito saber.Até porque fui reprovado em matemática na fase dos meus cueiros.Estes assuntos só me interessam de longe, portanto.Minha desconfiança mesmo é de que Descartes, de uma maneira meio torta, no fundo tenha razão:de que tudo se resume à razão e método, ainda que este método não seja necessariamente cartesiano...