Toma um fósforo acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro. A mão que te afaga, é a mesma que te apedreja. Se alguém causa ainda pena a tua chaga apedreja essa mão vil que te afaga, escarra na boca que te beija! RE-Incidente em Antares

terça-feira, abril 11, 2006

Fora da terra

O primeiro astronauta brasileiro a ir para o espaço é a metáfora completa do povo da terrinha.Quer seja em questões de personalidade ou circunstâncias.Caroneiro em uma missão inútil, orgulhoso de suas atribuições dispensáveis, sem os pés no chão, literalmente no espaço.Nada mais apropriado.
Reparem na felicidade aérea na cara do sujeito, no sorriso etéreo de quem está contente sem saber muito bem o porque, de quem se presta a um serviço do qual não tem muito bem a real dimensão.Reparem no absoluto autismo de quem se presta a servir de propaganda para interesses subliminares e eleitoreiros de governos espúrios. Depois de repararem em tudo isto, me respondam francamente: o tal astronauta é ou não é o típico retrato do brasileiro comum?
Oh, nada contra o feliz astronauta.Nem mesmo a favor, diga-se. É , como o brasileiro comum, um despersonalizado, sem consciência de si, imerso em um campo gravitacional nulo, controlado por ordens e comandos invisíveis.Sempre sorridente, cioso de seus deveres para com a nação(sem saber ao certo quais estes seriam).Um herói tupiniquim da estirpe de Macunaíma, talvez menos preguiçoso que o personagem de Mário de Andrade, mas não menos folclórico.Cordialíssimo, na mais concreta tradição do ‘’brasileiro cordial’’ de Sérgio Buarque de Holanda.
Se presta dignamente a um dever para com a pátria.Um dever sem estofo mas que enche de orgulho às hordas e multidões da nação tupiniquim.Um enorme passo este de ser lançado ao espaço sideral, fora dos domínios terrestres, fora da órbita planetária, fora dos círculos fixos de pensamento, fora da concretude., fora do nosso mundinho comezinho, enfim.
Flutuando sem gravidade, sorridente, voltando depois do dever cumprido(que dever mesmo?), o tal astronauta é o retrato mais vivo da história do eleitor e cidadão brasileiro.Deveria ser incluído nos anais da história política , sociológica, literária e metafísica brasileira.