Toma um fósforo acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro. A mão que te afaga, é a mesma que te apedreja. Se alguém causa ainda pena a tua chaga apedreja essa mão vil que te afaga, escarra na boca que te beija! RE-Incidente em Antares

quinta-feira, maio 18, 2006

De pessoas, circunstâncias e coletivos circunstancialmente anônimos


Já repararam como já não há lugar para o mau caráter na dita sociedade pós marxista? Não há mais canalhas, pessoas más, réprobos.Todo mundo é movido pelas circunstâncias.Quando não é vítima da sociedade capitalista, o sujeito é no máximo um produto de sua classe econômica.Se mata, rouba, estupra, é porque é excluído e marginalizado social.Se explora e é corrupto, é porque é um agente das forças econômicas de um sistema opressor.O marxismo, ironicamente, é a verdadeira religião do indulto universal, salvando todo mundo pela anomia.Ninguém tem subjetividade, todo mundo é fruto do sistema: os erros individuais perdem todo o sentido diante do grande Erro da engrenagem fatal.A solução para esta engrenagem? Homogeneizar de vez todo mundo, excluir as diferenças para que todos tenham a possibilidade de serem diferentes.A resposta para uma equação ilógica, claro, só haveria de ser um paradoxo.
A nhaca é que este discurso prevalece hoje mais do que nunca disfarçado(ou não) de defesa do social.Há um levante qualquer do crime organizado, um massacre de cidadãos de bem por marginais, e lá vêm os nossos políticos dizendo que tudo é problema de falta de educação, que tudo é culpa da falta de investimento no social.Como se a corrupção que grassa nos altos escalões do poder fosse produto de excluídos e párias sociais...Ah sim, mas crimes mais sofisticados não entram na cartilha de bandidos que tomam banho diariamente e vestem Giorgio Armani.
Me desculpem um certo aparente tom de simplicidade, mas tenho lá minhas saudades de um tempo utópico em que havia pessoas boas e pessoas más e que as circunstâncias não tinham a griffe sócio-político-metafísica que têm hoje.As pessoas são fracas, eu sei, e o caráter de um sujeito é débil.Mas é nas horas de debilidade que se mede o valor de alguém.Se um esfomeado e maltrapilho mata e estupra, ele não deixa de ser nem assassino nem estuprador porque tem fome.E por mais analfabeto que possa ser, duvido muito que o dito cujo não tenha o mínimo senso-instintivo que seja- de que matar e estuprar é errado.Isto tendo em vista que ele tenha matado para saciar sua fome, quer seja ela por alimentos ou por sexo mesmo; isto sem considerar que há gente que mata, rouba e estupra por sabe-se lá que outros apetites doentios.
Mas os arautos da injustiça social sempre justificarão assassinos, estupradores, ladrões, e tudo o mais com a magnânima desculpa da exclusão social.Se o criminoso é rico e poderoso, se safa, por condições do próprio sistema(Aí Marx chega a quase ter razão.Mas só um pouquinho); se é pobre, tem o perdão social da intelligensia de esquerda porque é pobre e excluído.Livre arbítrio? Ora, isto é coisa de imperialista esteta e carola, dizem os bolcheviques pós modernos(E os antigos também.No fundo, são atemporais em sua boçalidade).A moda agora é culpar as circunstâncias.Pessoas, indivíduos, subjetividade,caráter,opções,escolhas, são, segundo a esquerda atemporalizada, ‘’conceitos’’ conservadores da direita.Então tá.Mas quem é mesmo que forma as circunstâncias?